HELLO! Um convite a tricotar.
Dia Mundial do Olá, é aquela espécie de dia que, confesso, me faz acordar com um sorriso torto que só a ironia consegue desenhar. Não é que eu seja contra cumprimentar o próximo; longe disso. A questão é que vivemos num mundo onde os ‘olás’ são tantas vezes digitais, impessoais, e até falsos, enviados através de um ecrã frio que não aquece corações.
Em 1973, este dia nasceu como uma resposta pacífica ao conflito entre Israel e Egito. Imaginem?… Simples: encorajar as pessoas a resolverem os seus problemas através da comunicação em vez do conflito. É um gesto nobre, sim senhor. Mas que me perdoem os idealistas, a verdade é que um simples ‘olá’ raramente resolve disputas pessoais, imaginem, geopolíticas.
Contudo, e aqui entra a magia deste dia, o ‘olá’ é um começo. É o estender da mão, o abrir da porta, o primeiro passo em direção ao outro. Em Portugal, os ‘bons-dias’ ainda se dão na rua, o ‘olá’ tem um sabor especial. É quase como um pastel de nata saído do forno: familiar, reconfortante, nosso.
Mas, chega o paradoxo, o World Hello Day é como um lembrete de algo que deveria ser inato. Numa era onde as redes sociais nos conectam mas também nos isolam, onde as conversas são trocadas por emojis e likes, este dia surge como um lembrete triste de algo que perdemos.
Um dia que nos faz pensar: será que realmente precisamos de um dia específico para lembrar-nos de dizer ‘olá’? Pode parecer uma trivialidade, uma pequena gota num oceano de dias comemorativos. Mas, não é.
Mas talvez seja esta a sua beleza… um convite para abrandar, olhar nos olhos do outro e, com um simples ‘olá’, começar a tricotar uma teia de humanidade que, aos poucos, pode envolver o mundo inteiro. E, quem sabe, num destes dias, acordaremos não apenas para dizer ‘olá’, mas para viver num mundo onde não é preciso um dia especial para lembrar-nos de sermos humanos.
Os dias comemorativos desempenham um papel crucial na comunicação corporativa, o acto de comunicar é um eterno exercício de equilibrismo. Por um lado, temos a necessidade de expressar “verdade”, de fazer ouvir a nossa voz. Por outro, enfrentamos o desafio de sermos entendidos, de fazermos com que a nossa mensagem não apenas chegue ao outro, mas que seja acolhida, compreendida. Excelente exercício para as marcas que têm massa critica e algo a dizer ao mundo.
Servindo por vezes, como uma simples ferramenta estratégica, para diversas finalidades, é no esforço da comunicação que reside a beleza da condição humana e do propósito. Portanto, comunicar é, em última análise, um ato de coragem e propósito. É lançarmo-nos ao mar da incerteza, com a esperança de, ao chegarmos à outra margem, encontrarmos não só o outro, mas também um pouco mais de nós mesmos. Compromisso.